Hoje falarei um pouquinho sobre a nossa relação com a barra, e o objetivo é entender o porquê realizamos exercícios frente a barra, por quê os professores em certos momentos dão exercícios frente a ela, em outros momentos dão de lado e para você que é professor, falarei também da importância do exercício dessa maneira e enfim...
Quando a turma é mais iniciante costumamos trabalhar mais tempo frente a barra, e quando avança um pouco mais, a gente começa a trabalhar mais de lado pra barra pra ter todo um corpo pra trabalhar. Mas mesmo com a turma avançada, alguns professores optam por dar o primeiro exercício da aula frente a barra. Mas por quê?
A verdade é que quando nos colocamos frente a barra, também colocamos as duas mãos sobre ela e quando isso acontece, acabamos ignorando toda a parte de cima do nosso corpo (braços e cabeça), praticamente não precisamos mais pensar neles, afinal, mão está na barra e minha cabeça está para frente e sendo assim, só vou pensar da cintura para baixo. Então, isso é muito bom e ao mesmo tempo é muito ruim. É muito bacana para iniciante, porque assim ele não precisa se preocupar com os braços e não corre o risco de fazer braços errados, enquanto as pernas estão trabalhando. Por outro lado, quando a turma começa a avançar um pouquinho mais e uso essas duas mãos na barra, acabo trabalhando muito as pernas e deixo a parte de braços e cabeças do meu aluno “bobas”, porque assim no momento que vai para o centro, não sabe o que faz, considerando que não trabalhou braço na barra.
Então, é importante sabermos qual o momento certo de utilizar os movimentos de frente a barra e em que momento devemos passar esses movimentos para a lateral. Resumindo, a grosso modo, utilizamos movimentos frente a barra quando queremos, propositalmente, ignorar os braços. Por exemplo, o primeiro exercício da minha aula de avançado é frente a barra porque acredito que é o momento do aluno “aterrissar” (como um elevador quando chega no andar que precisa parar) e é isso que preciso no início da minha aula de ballet.
Quando meu aluno chega na aula, do trabalho por exemplo (isso principalmente para turma de ballet adulto), ou estava no vestiário conversando com o outro amigo, naquele tumulto, ele entra para a aula e não se desliga do que estava lá fora, acaba entrando para a sala na mesma “vibe” e eu preciso que ele ajuste, ou seja “aterrisse” e assim, eu o coloco frente a barra para que ele tenha esse momento dele com ele mesmo, afinal, ele não vai estar olhando para o lado vendo outras pessoas, vai estar normalmente olhando para uma parede, segurando na barra e fazendo movimentos com as pernas, que exijam pouca concentração mas que o traga para esse ambiente de sala de aula. A partir disso, eu dou condições para que ele desenvolva uma boa aula.
Se eu pego esse aluno que chegou do tumultuado do trabalho, atrasado, fazendo coque no meio do caminho, e entra para a aula já fazendo exercícios lateral a barra, olhando para a aluna do lado para saber o que ela está fazendo, ele não vai ter esse tempo de “aterrissar” e se concentrar no que está fazendo. Então a primeira coisa sobre o movimento de frente para a barra, é o momento da aterrissagem. Segunda coisa importante, é que é o momento do aluno começar a pensar no corpo dele, começando pelos pés, despreocupado com os braços e cabeças e assim, vai exigindo atenção do cérebro para as outras do corpo, aos poucos.
Quanto mais iniciante a turma, mais tempo eu passo frente a barra e quanto mais avançada, menos tempo. E ainda assim, toda vez que eu dou um passo novo e vejo que não está saindo, que o aluno está muito preocupado com o braço, etc, eu o viro novamente frente a barra, para ele ignorar os braços e concentrar nas pernas, para depois trabalharmos os braços.
Esse assunto sobre exercícios frente a barra rende muito, mas espero ter dado uma visão geral sobre o porquê dos exercícios frente a barra e se surgirem mais dúvidas irei adorar responde-las em um próximo artigo.
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