Neste artigo teremos a terceira e quarta dica voltada para a preparação para as apresentações de Ballet, sobre como arrasar no palco. E dessa vez, primeiramente falaremos sobre como podemos usar o nosso corpo para decorar a coreografia.
Existem muitas maneiras de decorar, como já foi citado no artigo anterior, mas tem dois processos muito diferentes e um deles é decorar mentalmente a coreografia, que é quando posso fechar os olhos e ir passando a coreografia na cabeça, o que é um processo bacana que funciona muito bem, mas o problema é quando estamos dançando e tem os "brancos", que são aqueles apagões na memória e pensamos "onde eu estou? O que eu tenho que fazer agora?", e isso acontece muito. Nesse momento é como se a mente bloqueasse alguma das sinapses, assim a mensagem não é transferida e não conseguimos realizar o que tem que ser feito.
Independente do seu grau de experiência, você vai perceber que quanto mais você dança, mais a sua memória corporal se desenvolve, e essa memória pode ajudar muito nessas horas dos "brancos", mas de que maneira? Bom, suponhamos que você passou a coreografia várias vezes mentalmente, ela está super decorada e você sabe exatamente o que tem que ser feito, e assim você começa a ensaiar a sozinha (não pode ser junto com todo o elenco para não colocar tudo em risco no ensaio) e prestar atenção em cada detalhe do seu corpo na coreografia, por exemplo, se fizer um braço de arabesque vai olhar para a mão, vai ver o dedo, ver a pele, prestar atenção em todos os sentidos, tantos os visuais, que é onde você olha, qual é o desenho, o que está acontecendo naquele espaço, se fizer um relevé sous sus e olhar para a frente, visualizar a visão que tem do palco, caso já tenha dançado nele, visualizar a cabine de som, a platéia escura, todos esses momentos da coreografia. Se fizer um piqué attitude, sinta a pressão da perna subindo, as costas, sinta o corpo utilizando todos os estímulos.
O estímulo mais usado nas coreografias é o visual, o qual nós vemos o desenho real (não o espelho) do nosso corpo quando dançamos, e ver o que temos em volta. Porém, como não ensaiamos no palco, nós visualizamos, ou seja, visualizamos a coxia, o fundo do palco, a platéia, e assim se decora o que vai acontecer naquele momento. Então, a mente utiliza aquele ambiente para conseguir fixar a coreografia.
Sendo assim, caso o "branco" aconteça no meio do palco, respire fundo e perceba o seu corpo. Se você fizer esse processo de decorar com ele várias vezes, ele sozinho já vai te indicar para onde é que você tem que ir, se a sua perna tem que subir, se o braço tem que virar, enfim, deixe o seu corpo falar, já que ele tem uma memória do movimento, e somando com esse estímulo visual criado através de imaginações, conseguirá ter um retorno mais rápido desse "branco".
Se preparar para esse momento de pânico é a melhorar maneira para garantirmos que nos sairemos bem, mesmo que isso aconteça. Quanto mais praticar esse exercício de decorar, mais fácil ficará a percepção e você começará a dançar com uma confiança sem tamanho, mesmo que você saiba que o "branco" virá. Então pense nisso, tente decorar usando essa memória corporal que o ser humano tem de maneira linda e intensa, e que na verdade, utilizamos muito pouco.
Agora, a próxima dica é uma que poucos bailarinos usufruem dela que é conhecer e entrar no personagem. É muito comum o bailarino entrar no palco com informações básicas sobre o personagem, quando na verdade o mais bonito e mágico é quando o bailarino consegue deixar de ser ele para dar vida a quem ele está interpretando a ponto de quem tiver te assistindo dizer "nossa não parecia você, parecia outra pessoa" por conta do grau de entrega, e isso é muito comum acontecer com meninas que são tímidas na dança.
Isso ocorre quando realmente permitimos que o nosso corpo e nosso movimento seja usado pelo personagem e damos vida com tanta verdade que ele se torna real em cima do palco. Porém, não dá para fazer isso se não conhecermos exatamente quem é ele, é necessário pesquisar sobre quem ele era, o que fazia na época, independente de qual seja o personagem. Isso parece louco, mas ajuda muito. É comum só estudarmos quando somos princesa ou bruxa, etc., mas é necessário estudar caso for outro personagem também, mesmo que seja um gafanhoto, uma cigana, etc. É importante assistir vídeos, não necessariamente de pessoas dançando interpretando e sim ele mesmo, como é na vida real, como se movimenta. É um processo muito legal e louco que precisamos para realmente conhecer o personagem e ter a capacidade de dizer todas as características dele, para poder entrar nele.
Outro ponto importante que deve ser considerado é que esse ato de entrar no personagem não pode acontecer apenas no momento que eu piso no palco, e sim desde os ensaios, contando com os detalhes que dão verdade para a interpretação, para que as pessoas que estejam assistindo tenham a reação que foi citada. E bom, a nossa função como bailarino(a) é realmente essa, dar vida para o personagem, independente se é Ballet de repertório, se é uma coreografia criada pelo professor.
Caso a coreografia seja abstrata, que precisa transmitir sentimento, converse com o professor que a montou sobre o release, sobre o que ela quer passar para quem está assistindo, qual a expressão que ele espera, para que assim você possa treinar.
Portanto, é muito importante entrar no personagem, porque subir no palco sem realmente interpretá-lo não vai colar para ninguém. Mas ir com ele vai fazer com que quem está assistindo realmente o veja ali. Então, fica a dica: estude o seu personagem. E fique atento para as últimas dicas no próximo artigo para arrasar de verdade nas apresentações!
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